O Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE) emitiu parecer favorável à aprovação das contas de governo de Sobral referentes a 2018, sob responsabilidade do então prefeito Ivo Gomes. Embora o relatório técnico tenha apontado quatro ressalvas, as contas foram consideradas regulares. No entanto, ao chegar à Comissão Permanente de Finanças, Justiça e Redação da Câmara Municipal nesta sexta-feira (29), o processo ganhou contornos políticos: parte dos vereadores se posicionou pela desaprovação, revelando que o julgamento vai além da técnica e se insere no tabuleiro eleitoral.
Durante a reunião, os membros da comissão divergiram sobre o peso das ressalvas. A relatora Micheline Ibiapina e o presidente Mário Vicktor consideraram apenas uma delas relevante para a desaprovação, enquanto Marlon Sobreira e Pastor Laerti defenderam que todas justificariam a rejeição. O relatório, que contraria o parecer do TCE, segue agora para votação no plenário, onde a base governista já soma 13 votos pela desaprovação — faltando apenas um para tornar Ivo Gomes inelegível por oito anos. A tensão cresce com a possibilidade de parlamentares da oposição, historicamente aliados ao ex-prefeito, aderirem ao movimento.
A comparação com o caso do governador Elmano de Freitas é inevitável: mesmo com 38 recomendações — 21 reincidentes — suas contas foram aprovadas por unanimidade. O episódio reforça que, embora as ressalvas técnicas não sejam determinantes, o alinhamento político pode ser decisivo. Em Sobral, o julgamento das contas de Ivo Gomes deixou de ser apenas um exercício de controle financeiro e passou a ser um teste de força entre grupos políticos — onde o número de votos pode definir não apenas o passado administrativo, mas o futuro eleitoral.
